Tabagismo e o Sistema Digestivo

Fumar afeta todo o organismo, aumentando o risco de muitas doenças fatais - como câncer de pulmão, enfisema e doenças cardíacas. O tabagismo também contribui para muitos tipos de câncer e doenças do sistema digestivo. As estimativas mostram que cerca de um quinto de todos os adultos fumam e a cada ano milhares de pessoas morrem de doenças causadas pelo fumo.

O que é o sistema digestivo?


O sistema digestivo é composto do tracto gastrointestinal (GI) - também chamado de tubo digestivo - e o fígado, pâncreas e vesícula biliar.

O trato gastrointestinal é uma série de órgãos ocos, unidos num longo tubo retorcido da boca até o ânus. Os órgãos ocos que compõem o tracto GI  são a boca, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso – composto do colon e reto – e ânus.

O alimento entra na boca e passa para o ânus através de órgãos ocos do tracto GI. O fígado, pâncreas e vesícula biliar são os órgãos sólidos do sistema digestivo. O sistema digestivo ajuda o corpo a digerir os alimentos, que significa transformar os alimentos em nutrientes que o corpo necessita. Nutrientes são substâncias que o corpo utiliza como fonte de energia, para o crescimento e reparação celular.

O tabagismo aumenta os risco para câncer do sistema digestivo?
 

Foi observado que o tabagismo aumenta o risco de câncer de:

  • boca
  • esôfago
  • estômago
  • pâncreas
     

As pesquisas sugerem que fumar também pode aumentar o risco de câncer do:

  • fígado
  • colon
  • reto
     

Quais são os outros efeitos prejudiciais do tabagismo para o sistema digestivo?
 

O tabagismo contribui para muitas doenças comuns do aparelho digestivo, tais como azia e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), úlceras pépticas e algumas doenças do fígado. Fumar aumenta o risco de doença de Crohn, pólipos do cólon e pancreatite, e pode aumentar o risco de cálculos biliares.

Como o tabagismo afeta a azia e DRGE?


Fumar aumenta o risco de azia e DRGE. Azia é uma sensação dolorosa, em ardência ou queimação no peito causada pelo refluxo ou a volta do conteúdo do estômago para o esôfago - o órgão que conecta a boca ao estômago. O fumo enfraquece o esfíncter inferior do esôfago, um músculo entre o esôfago e estômago que previne a volta do conteúdo estomacal para o esôfago.

O estômago é protegido naturalmente contra o ácidos por ele produzido para fazer a digestão dos alimentos. No entanto, o esôfago não tem esta proteção contra o ácido. Quando o esfíncter inferior do esôfago se enfraquece, o conteúdo do estômago pode voltar para o esôfago, causando azia e podendo ou não danificar o revestimento esofágico.

A DRGE é um refluxo persistente e que causa sintomas incômodos (azia, regurgitação) para o paciente. É uma doença crônica que pode levar a sérios problemas de saúde tais como úlcera hemorrágicas no esôfago, estreitamento do esôfago que causa impactação do alimento e alterações nas células esofágicas que podem levar ao câncer.

Como o tabagismo afeta a úlcera péptica?
 

O tabagismo aumenta o risco de ulcers. péptica Esta é uma feridas na parede interna do estômago ou duodeno (a primeira parte do intestino delgado). As duas causas mais comuns de úlcera péptica são a infecção por uma bactéria chamada Helicobacter pylori (H. pylori) e o uso prolongado de antiinflamatórios não-esteróides como a aspirina e o ibuprofeno.

Os pesquisadores estão estudando como o tabagismo contribui para formar ou manter a úlcera péptica. Estudos sugerem que fumar aumenta o risco de infecção pelo H. pylori, retarda a cicatrização de úlceras pépticas e aumenta a probabilidade da úlcera péptica recidivar. O estômago e o duodeno contêm ácido, enzimas e outras substâncias que ajudam a digerir os alimentos.

No entanto, essas substâncias também podem prejudicar o revestimento destes órgãos. O fumo não parece aumentar a produção de ácido. No entanto, fumar aumenta a produção de outras substâncias que podem prejudicar o revestimento, tais como a pepsina, uma enzima feita no estômago que digere as proteínas. O tabagismo também diminui a fatores que protegem ou cicatrizam o a parede, como:

  • fluxo sanguíneo da parede
  • secreção de muco (líquido viscoso que protege a parede contra o ácido)
  • produção de bicarbonato de sódio - uma substância salina que neutraliza o ácido - pelo pâncreas
     

O aumento de substâncias que podem prejudicar a parede e diminuir os fatores que proteger ou cictrizam o revestimento, pode resultar em úlcera péptica.

Como o tabagismo afeta a doença do fígado?


Fumar pode piorar algumas doenças hepáticas, como:

  • cirrose biliar primária, uma doença crónica do fígado que lentamente destrói os ductos biliares.
  • doença hepática gordurosa não alcoólica de (NAFLD), uma condição em que a gordura se acumula no fígado.
     

Os pesquisadores ainda estão estudando como o tabagismo afeta a cirrose biliar primária, NAFLD e outras doenças do fígado.

As doenças do fígado podem progredir para cirrose, uma condição na qual o fígado lentamente se deteriora e funciona mal por causa da agressão crônica. O tecido cicatricial que substitui o tecido sadio do fígado bloqueia parcialmente o fluxo de sangue através dele, prejudicando suas funções.

O fígado é o maior órgão do sistema digestivo. Ele realiza muitas funções, tais como produzir proteínas importantes do sangue e a bile, transformar alimentos em energia e filtrar álcool e tóxicos do sangue. A pesquisa mostrou que o fumo prejudica a capacidade do fígado para processar medicamentos, álcool e outras toxinas e removê-los do corpo. Em alguns casos, fumar pode afetar a dose de medicação necessária para tratar uma doença.

Como o tabagismo afeta a doença de Crohn?


Os fumantes ativos ou que já o abandonaram têm um risco maior de desenvolver doença de Crohn do que pessoas que nunca fumaram.

A doença de Crohn é uma doença inflamatória intestinal que provoca irritação no trato GI. A doença, que tipicamente causa dor e diarréia, afeta mais frequentemente a parte inferior do intestino delgado; no entanto, pode ocorrer em qualquer lugar no trato GI. A gravidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa, e os sintomas vão e voltam.

A doença de Crohn pode levar a complicações como bloqueio do intestino e úlceras, que podem tunelizar através da área afetada para os tecidos vizinhos. Existem medicamentos que podem controlar os sintomas. No entanto, muitas pessoas podem necessitar de cirurgia para remover a parte afetada do intestino.

Entre as pessoas com doença de Crohn, as pessoas que fumam podem:

  • ter sintomas mais graves, mais frequentes e mais complicações
  • necessitar mais medicamentos para controlar os seus sintomas
  • requerer cirurgia
  • ter sintomas que voltam após a cirurgia
     

Os efeitos do tabagismo são mais pronunciados em mulheres do que em homens com doença de Crohn.
Os pesquisadores estão estudando por que o tabagismo aumenta o risco de doença de Crohn e a piora.

Alguns acreditam que o hábito de fumar pode diminuir as defesas do intestino, reduzir o fluxo sanguíneo intestinal ou causar alterações no sistema imunológico que levam à inflamação.

Em pessoas que herdam os genes que os tornam suscetíveis para desenvolver a doença de Crohn, o tabagismo pode afetar o funcionamento de alguns destes genes.

Como o tabagismo afeta os pólipos de colon?
 

As pessoas que fumam são mais propensas a desenvolver pólipos de cólon. Estes são crescimentos no interior da superfície do cólon ou do reto. Alguns pólipos são benignos, ou não cancerosos, enquanto alguns são cancerosos ou podem se tornar cancerosos.

Entre as pessoas que desenvolvem pólipos do cólon, aqueles que fumam têm pólipos maiores, mais numerosos e com maior possibilidade de recorrer.

Como o tabagismo afeta a pancreatite?


Fumar aumenta o risco de desenvolver pancreatite, ou seja, a inflamação do pâncreas, órgão localizado atrás do estômago e duodeno. O pâncreas segreta enzimas digestivas que normalmente não se torne ativas até atingirem o intestino delgado. Quando o pâncreas está inflamado, as enzimas digestivas se ativam precocemente dentro do órgão e atacam seu tecido.

Como o tabagismo afeta os cálculos biliares?


Alguns estudos têm demonstrado que fumar pode aumentar o risco de desenvolver cálculos da vesícula biliar. No entanto, os resultados da investigação não são consistentes e mais estudos são necessários.

Cálculos biliares são partículas pequenas, duras que se desenvolvem na vesícula biliar, o órgão que armazena a bile produzida pelo fígado. Os cálculos biliares podem mover-se nos dutos que transportam as enzimas digestivas da vesícula biliar, fígado e pâncreas para o duodeno, causando inflamação, infecção e dor abdominal.

Os danos ao sistema digestivo provocados pelo tabagismo podem ser revertidos?


Deixando de fumar pode reverter alguns dos efeitos do tabagismo sobre o sistema digestivo. Por exemplo, o equilíbrio entre os fatores que agridem e proteger o revestimento do estômago e duodeno retorna ao normal dentro de algumas horas se a pessoa parar de fumar.

Os efeitos do tabagismo sobre como o fígado manipula os medicamentos também desaparecem quando uma pessoa pára de fumar. No entanto, pessoas que param de fumar continuam tendo um maior risco de algumas doenças do aparelho digestivo, como pólipos do cólon e pancreatite, do que pessoas que nunca fumaram.

Parar de fumar pode melhorar os sintomas de algumas doenças do aparelho digestivo ou evitar que piorem. Por exemplo, pessoas com doença de Crohn que param de fumar têm sintomas menos graves do que os fumantes com a doença.

Alimentação, dieta e nutrição


A alimentação, dieta e nutrição podem desempenhar um papel para causar, prevenir e tratar algumas doenças e distúrbios do sistema digestivo que são afetados pelo fumo, como azia e DRGE, doenças hepáticas, doença de Crohn, pólipos do cólon, pancreatite e cálculos biliares.

Pontos para lembrar
 

  • Foi observado que o tabagismo aumenta o risco de câncer de boca, esôfago, estômago e pâncreas. A pesquisa sugere que fumar também pode aumentar o risco de câncer de fígado, do cólon e do reto.
     
  • Fumar aumenta o risco de azia e doença de refluxo gastroesofágico (DRGE).
     
  • Fumar aumenta o risco de úlcera péptica.
     
  • Fumar pode piorar algumas doenças do fígado, como a cirrose biliar primária e doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD).
     
  • Fumantes atuais e ex-fumantes apresentam um risco maior de desenvolver doença de Crohn do que pessoas que nunca fumaram.
     
  • Pessoas que fumam são mais propensas a desenvolver pólipos do cólon.
     
  • Fumar aumenta o risco de desenvolver pancreatite.
     
  • Alguns estudos têm demonstrado que fumar pode aumentar o risco de desenvolvimento de cálculos biliares. No entanto, os resultados da investigação não são consistentes sendo ainda necessários mais estudos.
     
  • Abandonar o fumo pode reverter alguns dos efeitos do tabagismo sobre o sistema digestivo.
     

Voltar